O Rabo-Córneo Húngaro
- Black May
- 10 de fev. de 2020
- 4 min de leitura
Palavras: 1011
Notas: Não sei fazer sotaque, me processe ou me ensine. Drebosuk - Pequena/Baixinha
A aula com Dumbledore ficou na minha cabeça até o último fim de semana antes da primeira prova dos Campeões. Pelo que o professor me explicou, eu poderia salvar apenas uma vida porque o Feitiço não permite que eu troque mais de uma vida. Exatamente, troque. O feitiço que me foi confiado pela "Morte" permite que eu traga alguém de volta a vida, porém não sem algo em troca...
Minhas preocupações enchiam tanto a minha cabeça que eu acabei não prestando atenção em Harry nesses dias. Tentei me focar mais em algo construtivo, como ajudar Cedrico a se preparar melhor para a última prova sem que ele desconfiasse imediatamente. Cedrico era incrivelmente bondoso comigo, me protegia das agressões verbais dos companheiros de Casa, que ficaram ainda piores depois que a entrevista com Rita Skeeter saiu.
Eu o ajudava a estudar um livro sobre sereianos quando a gota d'água aconteceu. Dois lufanos chegaram e começaram a me ofender e a dizer que há gente melhor para ajudar Cedrico a se dar bem no Torneio. Não que eu negue, mas o meu objetivo era fazer com que ele sobrevivesse e não se desse bem. Cedrico tentou me defender sem ser grosso com os amigos, mas eles simplesmente não o ouviam. Então eu me levantei e saí, sem me despedir, com medo que eu fosse agredir fisicamente os lufanos.
No último sábado antes da primeira tarefa, os alunos acima do terceiro ano tiveram permissão para uma visita a Hogsmeade, o que eu fui de bom grado. Lá, eu olhava a vitrine da Dedosdemel, quando sinto uma mão tocar as minhas costas. Como estava distraída, eu dei um pulo e me virei, assustada, para ver quem era. Descobri ser Anton, o garoto de Durmastrang. Ao ver meus olhos arregalados, o garoto se desculpou:
— Perdãum, Lia... Nãum foie de prroposito. - Respirei fundo e sorri para ele.
— Tudo bem, Anton, você só me pegou de surpresa. - Me virei totalmente para o búlgaro e dei um passo em sua direção. - Então, o que faz aqui?
— Nadda de mais, só fiqueie currioso sobre estta ciddadezinhha. - Ele deu de ombros. O que ganhou novas proporções levando em conta o seu corpo grande.
— Entendo. - Uma ideia me surgiu, eu pulei animada, pegando no braço do búlgaro - Que tal eu te mostrar a cidade então? Vai ser divertido! - Ele projetou um sorriso para mim, já que não dava para ter certeza com a face carrancuda dele, o que me fez rir abertamente. Acabei de decidir que o búlgaro e seu sotaque são definitivamente bonitinhos.
— Uma iddeiia expllenddida. - Com isso, o guiei pelas ruas do vilarejo. Nós passamos por todos os meus lugares favoritos, conversando animadamente e trocando experiências, e, quando fomos ao Três Vassouras para nos esquentar um pouco, nos deparamos com Fred, Jorge, Lino e Ron sentados em uma mesa, conversando animadamente. Anton se moveu desconfortável quando me viu indo na direção deles. - Ahnn, será que poddemus seentarr em outra messa?
— Oh, claro. - Eu sorri, meio intrigada - Sem problemas. - Com isso, o levei até uma mesa vazia, onde podíamos conversar em paz. Fui buscar as nossas bebidas e quando estava voltando, vi Fred e Jorge se afastando da mesa onde Anton estava e saindo do Três Vassouras com os outros dois amigos. Acelerei o passo e me sentei ao lado do moreno. - O que houve aqui?
— Nadda, Drebosuk, nãum se prreocuppe.
— Drebosuki? O que significa? É em búlgaro, não é? - Ele corou e riu, acho que da minha pronúncia.
— Siim, ser em búlgaro. Tenhho uma perrgunta parra vossê, drebosuk...
— Bem, faça. - Sorri para ele e tomei um gole da minha cerveja amanteigada, o olhando curiosa. O que será que os gêmeos falaram para ele? Depois eu preciso ter uma conversa para com eles...
— Aqquele, Frredd, ser seu nammoraddo? - O tom dele era sério. Eu suspirei.
— Não, ele é só um amigo. - Meu tom ácido deve ter passado despercebido, pois ele apenas assentiu e mudou de assunto.
Já de volta ao castelo, eu me despedi de Anton, que se dirigiu para o navio, e fui para a Sala Comunal, onde eu passei a noite. Pensamentos sobre a última aula com o Professor Dumbledore invadiram a minha mente, eu não conseguia parar de pensar que eu estava conhecendo todo aquele mundo para acabar escolhendo a dedo quem poderia sobreviver... E o pior de tudo, eu teria que escolher uma vida apenas... Como eu poderia fazer isso?
Um pouco antes das 11 horas, eu resolvi ir para o quarto, onde eu poderia me perder em pensamentos sem ser olhada de lado. Fiquei lá até ouvir alguns barulhos no espaço comum da Sala. Deduzi que fosse Harry falando com Sirius, então me levantei bem levemente e desci as escadas, bem a tempo de ver meu irmão jogar um bottom no rosto de Ron e passar por mim sem nem me perceber. Ron ficou lá, estático, até se ajoelhar onde estava e começar a tremer. Fui para perto dele, tocando gentilmente seu ombro.
— Sou um idiota.
— Sim, você é. Mas meu irmão também não alivia em nada. - Dei um risinho e o puxei para a poltrona mais próxima. Me ajoelhei em sua frente, a face do melhor amigo do meu irmão estava pálida e ainda estática, como se não soubesse como interpretar o que estava acontecendo.
— Acha que eu deveria me desculpar agora?
— Nah, vai dar tudo certo, só espere ele passar pelos dragões. - Dei de ombros, indiferente. Eles iam acabar se resolvendo mesmo. Não havia o porquê se preocupar tanto com isso.
— Tudo bem, então. - Eu continuei o confortando até o ver pegar no sono, o chacoalhei e o mandei para cama - Obrigada, Lia.
— Sempre que precisar, Ron. - Sorri e nos separamos, cada um para o seu dormitório. Quando fui me deitar na cama, havia algo me incomodando, algo que não estava lá antes: Um bilhete preso no meu coiote. - Mas o que...?
"Não saia mais com o Búlgaro. Nem com ninguém além de nós, na verdade."
Comentários