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O Ovo e o Olho

Foto do escritor: Black MayBlack May

Palavras: 1014


Eu não sei o que havia me dado, mas naquela noite, eu fui dormir cedo. Parecia que meu corpo flutuava e todas as cores estavam mais fortes. Jorge me deu boa noite antes de eu subir para o quarto e foi se juntar ao irmão.


Eu planejava dormir a noite inteira, porém meu sono durou só o suficiente para que Harry pudesse sair para o banheiro dos monitores. Como cansei de ficar deitada encarando o coiote que Fred havia me dado, eu desci para a Sala Comunal e me enrolei na poltrona mais próxima da lareira que ainda queimava levemente.


— Não consegue dormir? - A voz me fez gelar e quase me arrependi de ter descido. Quase.


— É, perdi o sono.


— Entendo. - Fred se sentou na poltrona ao meu lado e ficou em silêncio por um tempo. A tensão era palpável, mas eu não seria o primeiro a ceder. Meus olhos ainda estavam concentrados nas chamas baixas da lareira da Torre da Grifinória. Ele cedeu primeiro. - Lia... Eu...


— Tudo bem, Weasley, não precisa se desculpar.


— Preciso! Eu não tinha que fazer aquilo e fui cruel com você e...


— Fred. - Ele se calou e olhou para mim. Eu suspirei. Não conseguia guardar raiva dele, ele tinha me magoado, mas não era como se eu fosse uma santa, sinto que estávamos nos machucando mutuamente, mesmo que em formas diferentes... - Está tudo bem, eu não sei por quê você fez aquilo, mas eu decidi deixar para lá isso.


— Mas, Lia, eu te magoei! Não poderia ter feito aquilo nem se fosse só porque ele não me passa uma boa impressão... - Eu lancei meus olhos para ele. O ruivo soltou uma risada baixa e acanhada. - É... não foi só por isso.


— E por que foi?


— Porque... - Ele parou e respirou fundo - Foi porque eu estava com ciúmes também. Aquele troglodita estava levando a minha garota para o baile e ela estava linda, maravilhosa. Ela estava rindo para outro e isso me deu raiva. Me perdoe, Lih, por favor. - Fred fez uma cara de cachorro abandonado na chuva pelos donos antigos e amados. Eu não pude responder prontamente e, quando consegui, não foi bem uma resposta...


— Sua? - Ele corou violentamente e não pude deixar de estranhar. Fred assentiu com a cabeça e foi se curvando em minha direção, se aproximando cada vez mais até que apenas centímetros nos separavam. - O que vai fazer, Weasley? - Ele sorriu um pouco com o meu sussurro e cobriu os centímetros restantes, colando seus lábios nos meus. Em contraste com o outro beijo, esse foi mais terno e mais demorado, ele se moveu para aprofundar o beijo, mas um barulho alto nos chamou atenção.


— Mas o que?! - A voz de Jorge foi ouvida atrás da poltrona mais próxima da escada. Eu comecei a corar loucamente e me levantei. Gaguejei algo desconexo e corri para o dormitório, onde eu enterrei minha vergonha por ter sido pega no flagra e me permiti dar um ataque silencioso.


No dia seguinte, desci para tomar o café da manhã. Mal havia sentado quando descobri o que havia acontecido com Harry na noite anterior. Ele havia deixado o Mapa dos Marotos com Moody, ou melhor, com Crouch. Me levantei em um impulso só, correndo de volta para as escadarias, onde eu vi o dito cujo. Cheguei ao homem, arfando, e ele parou com um olhar duro para mim.


— Senhorita Evans, o que faz aqui?


— Estou aqui para recuperar o Mapa que você roubou ontem, Bartolomeu Crouch Jr. - Ele arregalou o olho verdadeiro. Pareceu querer negar, mas logo desistiu, ele rosnou e agarrou o meu braço, me arrastando para uma sala vazia violentamente.


— O que você sabe, sua nojentinha? - O tom dele mudou, se tornando rouco e falhado, seu rosto estava a centímetros do meu.


— Eu sei de tudo, seu Comensal inútil. - Meu gênio impulsivo tomou conta, me deixando um pouco, destaque no pouco, burra. - Devolva meu mapa. - O sorriso dele era cruel.


— Oh, o Mapa. Um ótimo artefato, muito útil, muito. Não te devolverei ele, Thalia Potter.


— Devolva! - Saco a varinha e aponto para sua garganta.


— Não entendo como você existe. Meu Lord não sabe de sua existência, a escória te escondeu bem, mas agora EU sei e logo meu líder também saberá. - Seu semblante parecia vitorioso. Eu não podia demonstrar o medo que sentia, então soltei uma risada.


— Você não vai chegar a ver seu Lord desequilibrado se reerguer, Júnior, farei questão disso. - Nossos olhares batalharam até ele se desviar e rugir novamente. Ele segurou meu braço com força novamente e eu não me impedi de perguntar. - Vai me matar?


— Não, Potter, por mais que eu queira, meu Lord deverá fazer isso. Ele terá conhecimento de suas falas e decidirá seu destino.


— Me entregará para a escola?


— Também não é minha função, já fui avisado para não deixar você interferir - Seu sorriso era cruel. - Vou fazer você se arrepender de ter nascido, assim que Lord Voldemort se levantar, ele matará seu irmão e você viverá para ver o desespero que se seguirá.


— Só quero ver ele tentar. - Tive que me segurar para não me encolher quando o aperto no meu braço foi intensificado. Ele não falou mais nada, apenas me lançou para fora da sala, se trancando lá. Esfregando o braço, voltei para o quarto, precisava pensar... Eu, de fato, não poderia fazer nada para mudar a história, mas... poderia eu impedir que ele me delatasse para o Voldemort?


— Lia?! - Dei um pulo quando Harry pega no meu braço, não tinha percebido ele. - O que houve? - Ele me examinou e, antes que eu respondesse, viu onde segurava. - Lia! O que houve aqui?! Quem fez isso?! - Sua voz mudou tão repentinamente, que eu olhei para onde ele encarava, um hematoma começava a surgir.


— Eh... Nada, ninguém, Harry, desculpe, mas eu preciso falar com Cedrico. Agora. - Eu não ouvi sua resposta, pois sai correndo, em direção a qualquer lugar que eu conseguisse pensar que Cedrico poderia estar.

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