Palavras: 1152
No dia seguinte, ou melhor, na semana seguinte, a Torre da Grifinória ficou em um clima tenso. Ron e Harry estavam irritados com Mione e a mesma passara a evitar a Sala Comunal. Eu tentei amansar o ruivo, mas ele se recusava a pensar melhor na atitude irracional que estava adotando com a morena. No fim, eu fiquei tão irritada que quase falei besteira, não via o porquê de brigarem tanto se eles iam ficar juntos no final, porém isso não é informação para agora.
Quando falei com Harry, ele disse que entendia a amiga, mas ainda estava chateado com ela. Bom... Tudo que eu podia fazer eu fiz. Visitei Lupin algumas vezes naquela semana e conversamos bastante.
Porém, no geral, passei a maior parte do tempo com Fred, Jorge e Lino, que voltou mais cedo de casa, e fiquei aliviada quando o feriado acabou e o vazio silencioso foi preenchido pelas conversas e risadas dos meus colegas grifinórios. Na véspera do começo do trimestre, vi Olívio falar com Harry e sair desesperado pelo portal da Mulher Gorda.
– Ansioso? - Me apoiei no braço da poltrona de Harry.
– Um pouco. - Ele tinha um olhar perdido. Suspirei e passei a mão em seus cabelos.
– Relaxe, Potter. Vai dar tudo certo no final!
– Mais um dos seus palpites inexplicáveis? - Ele me deu um sorriso cansado. Me levantei e sorri, travessa.
– Parece que estamos nos entendendo. - Pisquei para ele. - Boa sorte nas aulas com Lupin, aliás. - Sai em direção à Fred, que estava rindo alto com Jorge.
– Hey, Lia! - Jorge me cumprimentou com um toque estranho.
– Oie, Jorge, Fred. - Baguncei o cabelo do segundo. - Só vim dar boa noite mesmo.
– Boa noite, minha querida ruiva. - Fred fez graça e me abraçou, além de me dar um beijo na testa.
– Boa noite, Lia. E solte-a, seu tarado. - Jorge me puxou do abraço e bagunçou o meu cabelo. Rimos da cara emburrada de Fred. Subi e fui dormir já que as aulas que começariam no dia seguinte.
Minhas aulas da manhã não foram nada que mereça destaque, a não ser D.C.A.T., Lupin ainda parecia mal... Pelo jeito essa transformação foi uma das piores...
Me senti mal com isso e resolvi esperá-lo, no fim da aula. O trio passou por mim, depois de Harry falar brevemente com o professor, Hermione me encarou de uma maneira estranha e se separou do grupo. Entrei na sala.
– Professor?
– Sim, Thalia, o que foi? - Parecia concentrado.
– Como assim "Thalia"? - Fiz careta, ele não me chamava pelo nome a não ser que estivesse bravo.
– O que? Eu aparentemente sou "Professor" para você, então o mais adequado é que você seja Thalia para mim. - Seu tom debochado me fez sorrir.
– Vejo que está bem, Padrinho. Estava preocupada. - Me aproximei, ele parecia mais velho e bem mais cansado.
– Eu vou melhorar, minha querida. - Me abraçou - E como vai com Harry?
– Estamos nos entendendo aos poucos… Está sendo melhor do que eu imaginava.
– Que bom. - Seu sorriso aqueceu o meu coração.
Na noite de quinta, Harry saiu para a aula com Lupin, ele ia aprender o Patrono. Eu já tinha tentado algumas vezes, mas nunca tinha conseguido mais do que um fino fio prateado. Durante a semana depois da aula, tanto Harry quanto Remo ficaram estranhos. Quase no fim da semana, eu estava andando pelo castelo, quando avistei um certo rato. Sozinho.
Me adiantei pelo corredor escuro até o pequeno e detestável ser. Ele se desesperou, mas já era tarde demais, eu o tinha em minhas mãos. Ele se retorceu e me arranhou e, conforme eu apertava para segurá-lo, comecei a sentir uma pressão em meu próprio pescoço, meu ar começou a sumir e a pressão aumentou, me dando contrações e meus pulmões ardiam.
Soltei Perebas, o jogando longe. Assim que o fiz, a pressão cedeu e pude respirar novamente, mas percebi que no mesmo instante que o corpo fraco de Perebas acertava a coluna de pedra do castelo, uma dor nas costelas me atingia.
Verifiquei o local dolorido e constatei que um hematoma surgia entre as costelas. Passei os dedos pelo pescoço e lá havia certas partes doloridas que com certeza ficariam marcadas. Antes que eu ficasse mais confusa com o que aconteceu, o próprio Dumbledore apareceu. Apenas seu olhar me fez entender que ele sabia o que tinha acabado de acontecer e ele fez um sinal com a cabeça para que o seguisse. Já em sua sala:
– Bem, senhorita Thalia, percebo que desobedeceu nosso acordo. - Sua voz não carregava nenhuma emoção, quase como se ele esperasse aquilo de mim.
– Me desculpe. - Ele sorriu de um jeito misterioso.
– Não é a mim que deve desculpas, sabe disso.
– Não vou me desculpar com Perebas. O senhor também sabe disso. Na verdade, eu deveria tê-lo entregado ao destino logo, ou dar ele para o Bichento.
– E isso provavelmente a teria matado também. - Seu tom finalmente era repreendedor. Não que isso seja bom, mas era melhor do que o sem nenhuma intonação. - A senhorita já deve ter percebido que todo dano feito por você ao pequeno rato volta para você, em mesma intensidade e mesmo lugar. - Sim, eu tinha percebido.
– Quer dizer que tudo que eu fizer contra ele, volta para mim? - Dumbledore assentiu - Por que isso? Por que eu não posso salvar todos aqueles que morrem e aqueles que perdem alguém?
– Minha cara, não devemos conhecer o destino, principalmente, não podemos mudá-lo. Como a senhorita já quebrou uma das regras, o universo tinha que ter certeza que você cumpriria aquilo que lhe foi destinado, que não é nos salvar do que virá, mas sim, algo maior, ainda não claro para mim ou para você. Por isso que a senhorita não pode interferir nem no destino do rato, por mais sofrimento que ele poderá nos trazer um dia.
Depois de mais um pouco de conversa, eu voltei para a Sala Comunal. Dumbledore fez o favor de me ajudar com as feridas, mas eu ainda estava um pouco dolorida e abatida, acima de tudo, eu havia aprendido a minha lição. Entrei pelo portal, depois de dizer a senha para aquele cavaleiro maluco e a primeira coisa que ouvi foi:
– OLHA! - Ron descia as escadas em direção à mesa onde estavam Harry e Hermione. - OLHA! - Berrou de novo.
– Rony, que...? - A pobre garota parecia confusa.
– PEREBAS! OLHE! PEREBAS! - Ron parecia descontrolado. Eu fui me aproximando, já imaginando o que era. - SANGUE! ELE DESAPARECEU! E SABE O QUE TINHA NO CHÃO?
– N... não - A voz de Mione tremia. Me postei atrás da morena, pronta para defendê-la se fosse preciso. Ron jogou algo em cima do livro de tradução de runas de Mione, todos nos curvamos para ver. Havia algo misturado ao pó... pelos... pelos felinos, amarelo avermelhados e compridos. Ah… Começou.
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