Palavras: 1011
Éramos um grupo bem estranho até mesmo para os padrões de Hogwarts: Bichento ia na frente no túnel, Lupin e Ron, acorrentados à Pettigrew, iam em seguida, depois vinha Snape, desmaiado, Sirius vinha atrás, sustentando o professor com a varinha. Por último, vinham Hermione, Harry e eu. Eu sabia que Sirius iria querer falar com Harry, então puxei Mione um pouco para trás, deixando Harry sozinho próximo à Black.
— Então... Você é irmã do Harry... ?
— Parece que sim - Cocei a cabeça, dando um sorriso de lado.
— Você se parece mesmo com a mãe dele, quer dizer, sua mãe. - Ela me examinou - Vai me contar como sabia de tudo isso?
— Do quê? Ah, de Sírius? - Dei um risinho - Desde sempre. - Seu olhar se tornou curioso - Quando as coisas acalmarem, eu conto tudo para você, Mione. - Ela me deu um sorriso e nós olhamos para frente, onde Harry e Black conversavam.
— Você tem casa? Quando é que eu posso me mudar?
— Você quer? Sério? - Sirius parecia uma criança.
— Sério!
— Isso, Sirius! Separa meu irmão de mim já! - Brinquei.
— Nem vem, Lia. Você mora com o seu padrinho, qual o problema do Harry morar com o dele? - Sirius se virou brevemente para piscar para mim.
— Por falar nisso, Lia, quem é o seu padrinho? Você falou nele antes.
— Por Melin, Harry! Você é lerdo demais, menino! - Dei um tapinha na cabeça dele.
— Acho que é aí que eu me apresento, né? - Lupin riu lá na frente.
— SÉRIO? Lupin? - Harry olhou para mim, que revirei os olhos e confirmei. - Oh. Entendi.
E todos saímos do buraco, Bichento já tinha apertado o nó do Salgueiro, então, sem perigo. Nos dirigimos para o castelo, em silêncio. Harry parecia no mundo da lua, deveria estar pensando sobre morar com Sirius... Não posso contar... Isso chega a ser cruel… Fui repentinamente arrancada desses pensamentos, quando uma nuvem se mexeu no céu, revelando um astro não tão amado pela minha família. A lua. Vi meu padrinho enrijecer e parar de andar.
— Ah, não! - Hermione exclamou - Ele não tomou a poção hoje à noite. Ele está perigoso!
— Corram - Sirius não tirava os olhos de Lupin - Corram. Agora. - Harry se adiantou para Ron, mas Sirius o segurou. - Deixe-o comigo... CORRA! - Eu estava paralisada, não conseguia tomar nenhuma decisão nem me mover, eu só conseguia assistir a transformação de Remo. Meu cérebro apenas registrou o último olhar sofrido e humano, antes da besta faminta tomar conta.
— Remo... - Gemi, dando um passo para frente. Não avancei mais, Harry tinha colocado um de seus braços, me impedindo. Depois alguém gritou, houveram clarões e mais gritos, mas eu não podia prestar atenção em nada além do lobisomem que lutava com o cão gigante. E então, ele fugiu. - Remo! - Vi Sirius sair atrás dele. Harry me chacoalhou e meu cérebro finalmente ligou: Sirius!
— Vejam como está Ron. Vou atrás de Sirius. - Com isso, sai correndo na direção contrária da que meu padrinho transformado tinha tomado. Alcancei Sirius no momento que ele voltava a ser um homem. - Sirius! - Corri em sua direção, parecia tão ferido! Talvez numa situação bem pior da descrita nos livros. O amparei com meus braços, mas antes que eu pudesse fazer algo, o que eu mais temia aconteceu.
— Nããão— Black gemeu - Nãããão... por favor...
Olhei para a massa fria que se aproximava. Dementadores. Vi Harry e Mione chegarem, porém, vários dementadores já estavam por cima de nós. Eu cheguei a ouvir o primeiro Expecto patronum, entretanto foi apenas o primeiro, pois a cada Dementador que se alimentava de mim, imagens me foram mostradas.
Dumbledore caindo da Torre; Os pais de Neville no St. Mungus; A separação do Trio, quando estavam se escondendo; Harry gritando por Sirius; A morte de Cedrico; Hagrid levando Harry morto; Dobby ferido; Moody caindo da vassoura; Sirius passando pelo véu; e a pior para mim, Fred, deitado no Salão Principal, com Jorge gritando sua dor e toda a família Weasley sofrendo pela perda e com o meu padrinho e sua esposa deitados imóveis ao seu lado.
Senti minha força se esvaindo, lágrimas caiam pelas minhas bochechas, me senti gritar algo que não me fez sentido e então eu vi. Uma forma brilhante afastava o frio, ela galopava pelo lago, vindo da margem oposta. Com minhas últimas forças, dei um sorriso e gritei Harry. Vi a silhueta de meu irmão na outra margem, mas não vi o que ele fez depois, pois perdi a consciência logo depois.
Do contrário do que acham, um desmaio pode não ser um sono sem sonhos, porque o meu não foi, com toda certeza! Sabe as imagens que eu citei? Um dementador trazia as imagens, mas no fim de cada cena, antes que o pior se repetisse, o patrono de Harry passava interrompendo-a. Menos a última. Eu já tinha parado de me apavorar com a chegada do dementador, pois sabia que Harry me tiraria daquilo, mas na cena da morte daqueles que eu passei a amar ainda mais não foi assim que as coisas aconteceram.
Primeiro que começou num corredor e não já no Salão Principal. Eu corria e de repente um feixe de luz verde é lançado em minha direção. Ele não me atinge, pois sou puxada para baixo e dou um grito quando vejo que foi o atingido substituto. De volta para o Salão, desta vez estou vendo a cena em terceira pessoa, eu e Jorge nos debruçamos em cima de um corpo, choramos como se assim, fossemos devolver a vida a ele, mas nada acontece.
Eu começo a chorar, pedindo socorro, quando vejo que o meu "eu" da cena se levanta e recita algo que não consigo ouvir. Uma luz verde sai do "meu" corpo, como se vazasse do mesmo, e vira uma grande bola luminosa branca, que desceu até o peito de Fred e ali entrou. "Eu" desabei e de repente fui arrancada do sonho, bruscamente. Acordo numa cama da Ala Hospitalar como um afogado acorda depois que a água sai de seus pulmões.
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