top of page

O Noitibus Andante

Foto do escritor: Black MayBlack May

Palavras: 1001


Eu e Lupin passamos o dia andando por aí, ainda explorando, mas fomos para as partes um pouco mais sujas do Beco, para que eu realmente pudesse me locomover na maioria dos lugares que eu pudesse parar por acidente. Foi um dia tranquilo e divertido, rimos muito e compartilhamos histórias boas. Como eu não posso dividir muito do que sei com ele, Lupin sempre é aquele que fala, o que eu acho fofo, já que ele é super quieto no geral e eu sei que é apenas para me deixar confortável.


Já estávamos terminando o jantar quando Cornélio Fudge entrou no Caldeirão Furado todo esbaforido. Era a primeira vez que eu o encontrava pessoalmente. Como eu estava de moletom com capuz, assim que o homem entrou no recinto, Lupin puxou o meu capuz para cima e enterrou a minha cabeça dentro dele. Eu entendo o porquê, mas foi muito inesperada a rapidez com que ele reagiu ao ministro.


– Temos que achá-lo Tom! Temos que achar Harry antes que Black o faça! - Tom tentava acalmar o Ministro. A fala dele me lembrou dos acontecimentos daquela noite, então, me esquecendo do ministro, corri para a janela. Essa era a noite que Harry transformou a Tia Guida em balão, ela ainda era levemente visível no céu. Me virei para Lupin, que me seguirá para a janela discretamente e já me olhava com um pouco de reprovação.


– O que acha padrinho? - Ele olhou de novo entre eu e o céu noturno e pareceu pensar algumas vezes. Seus olhos ficaram mais vivos de repente e ele suspirou profundamente antes de me responder.


– Acho... que seu irmão puxou o mesmo lado da família que você. - Fala, dando um sorrisinho de lado que o deixou ainda mais parecido com o jovem Lupin que vi em algumas fotos dos Marotos.


– Ahn? - Um talento meu que foi desenvolvido ao estudar com Fleur Delacour é me fingir da mais perfeita desentendida quando eu preciso. Não gosto muito de quando as pessoas insinuam coisas para mim, então faço questão de provocá-las até elas me falarem com todas as letras o que querem dizer.


– Pelo que parece, Harry fugiu de onde o ministro achava que ele estava, sem nem parar para pensar nas consequências. - Ele sabe que eu odeio quando fazem isso de deixar subentendido o que realmente se quer dizer. Remo faz isso de propósito, assim como eu, em não entender o que está nas entrelinhas.


– E aonde eu entro nisso? - Não se irrite, eu gosto quando dizem que eu e meu irmão que não sabe que eu existo somos parecidos em algo, então, nada mais justo que ele dar a informação completa ao invés de ficar insinuando as coisas.


– Você também é impulsiva, James era assim... - Falou, agora com um sorriso brincalhão. Revirei os olhos, mas também abri um sorriso e ri baixinho. Não sei muito se tenho o direito de “sentir saudades” dos meus pais, já que os conheci melhor do que Harry, graças aos livros e o convívio com Lupin… Me sinto em conflito toda vez que falamos diretamente sobre James e Lilian, já que eu ainda não entendi como devo me sentir sobre eles...


– A coruja de Harry! - O grito do ministro nos trouxe de volta para a realidade. Ele pareceu mais aliviado quando Edwiges pousou do lado de Sid no salão do bar. Sem esperar muito, Fudge correu para a porta, só para voltar, minutos depois, com um garoto magricela, de cabelos negros, olhos verdes, óculos e uma cicatriz fina em forma de raio na testa. Harry Potter. Meu irmão. Tudo aconteceu rápido demais para o meu cérebro de 13 anos processar, então, sem perceber, levantei e os segui, até uma mão capturar meu braço. Lupin... Ele me estudava, preocupado.


– Aonde pensa que vai? - Ele ainda não havia soltado a mão do meu braço. Seu tom era inseguro, como sempre ficava quando ele desconfiava que precisaria me disciplinar.


– Aquele… Aquele era… Era ele, não era? - Perguntei, ainda muito desnorteada - Ele… era o Harry, não era?! - Podem achar que foi uma reação exagerada, mas tentem lembrar que eu tenho 13 anos, descobri que tenho um irmão e que ele era Harry Potter a dois anos, mas nunca tinha ido nem para a Inglaterra, quanto mais realmente sentido a história tão real e próxima a mim! Senti que a visão começava a embaçar.


– Lia, respire fundo, bem fundo. - Ele tentava me acalmar - Eu sei que é muita coisa de uma vez só, mas você tem que respirar. - Seu tom era doce, reconfortante e paciente - Vai tudo dar certo, você vai ver, no final vai tudo dar certo. - Lupin me abraçou e fomos andando bem devagar para o nosso quarto. Ele acariciava as minhas costas e me confortava.


– Eu sei que não adianta ficar assim e que as coisas só vão ficar mais difíceis, mas... - Suspirei, já mais calma. Só então percebi que estava no quarto já, sentada na cama, ainda abraçada por Lupin. - Eu sei que é egoísmo, mas eu realmente queria poder contar para ele logo de cara, resolver toda essa história e evitar tudo de ruim que está por vir… - Dito isso, apertei mais o adulto.


– Não é egoísmo, Lia, mas você ainda é muito nova para entender… De qualquer forma, eu estou aqui para te ajudar, okay? Sempre estarei aqui. Então, não se preocupe, um dia vai poder contar tudo para Harry. - Chorei mais quando ele disse isso, porém foi um choro mais contido. Não posso lidar com isso agora, então me deixei ser criança e ser embalada pelo sono nos braços do meu padrinho.


Não demorei para pegar no sono, mas foi conturbado. Vários pesadelos seguidos com cenas dos livros que agora terei que assistir ao vivo, não consegui descansar muito, mas também não poderia voltar a dar esses sustos no Lupin… Segundo Dumbledore, esse era um peso que eu deveria carregar sozinha desde que escolhi entrar de fato no mundo bruxo.

1 visualização0 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo

Novo Correio-Coruja

Eu achei que iriam dar falta de mim apenas no dia seguinte, mas antes mesmo de eu e gêmeos voltássemos para a Sala Comunal ...

O Segredo de Hermione

— O SENHOR NÃO TEM, NÃO! - Foi o que ouvi assim que normalizei a respiração

O Beijo do Dementador

Éramos um grupo bem estranho até mesmo para os padrões de Hogwarts

ความคิดเห็น


bottom of page