Palavras: 1487
Harry ficou na ala hospitalar até o fim da semana, eu fui visitá-lo algumas vezes, uma vez Hagrid estava lá e ele me deu uma piscadinha quando foi embora e a outra vez Gina saiu correndo de lá assim que me viu. Nunca estávamos sozinhos, Ron e Hermione só saiam de lá a noite, então eu não poderia contar a ele e além disso, ele ainda estava sofrendo pela perda da Nimbus e por ter visto o Sinistro…
No domingo, quando o time foi visitar, eu fui junto e percebi que, apesar dele sorrir, o sorriso não chegava aos olhos. Aproveitei um momento de distração de todos para falar com Harry a sós, e não, não foi para contar tudo a ele.
– Hey! - Falei sentando na cadeira do lado, ele pareceu sair de um torpor e olhou para mim - Harry, não se preocupe tanto. Ele nem sempre vem anunciando um desastre. - Sorri quando ele me olhou meio assustado e, antes dele me responder, Madame Pomfrey veio e mandou nós sairmos. Eu e o time fomos saindo...
– Lia! - Me virei, Harry estava sorrindo - Obrigado.
Eu não aguentei e sorri abertamente. Talvez tudo realmente dê certo no final! Senti Fred passar o braço pelos meus ombros e me puxar para fora da ala hospitalar, ele me olhou, rindo, e eu retribui, fiquei muito entusiasmada. Porém assim que passou, percebi que Fred estava muito perto, tipo muito mesmo, ele estava olhando nos meus olhos e seus olhos estavam tão brilhantes...
– Fred! Srta. Evans! - Percy me tirou desses pensamentos pecaminosos - O que estão fazendo?! Não podem ficar namorando na frente da ala hospitalar! Circulando, vamos! - Eu corei violentamente, de fato não era hora para aquilo, nem lugar, mas que o meu ser hormonal de 13 queria que algo acontecesse, queria.
– Não estamos namorando, Weasley. - Eu cruzei os braços, parece que Percy era mais insuportável do que J. K. descreveu nos livros. Fred deu aquele sorriso de lado que só ele sabe dar e saiu me puxando, o resto do time já tinha ido, aqueles felinos traiçoeiros.
Quando Harry voltou ao normal, Draco Malfoy estava insuportável e Lupin já havia voltado. Depois daquele acidente com Percy, eu fiquei levemente preocupada. Afinal, eu não poderia, teoricamente, me envolver com ele, não com tudo que está e vai acontecer... Nós continuamos normais, mas eu não o deixo ficar me abraçando de lado toda hora. Também porque eu notei que ele só fazia isso comigo, o que era agradavelmente estranho.
Na aula de Lupin, ele disse que não precisaríamos entregar o trabalho de Snape, mesmo assim que estava apreensiva, afinal, Hermione havia deduzido a verdade com aquele trabalho. A aula passou rapidamente, foi maravilhosa. No fim dela, Lupin pediu para falar com Harry. Eu fiquei enrolando, mas Remo me lançou um olhar que me fez sair...
Não fiquei muito feliz, mas o que mais eu podia fazer? Ele já havia me dito que estava bem. De qualquer jeito, o Natal e a segunda visita a Hogsmeade estavam chegando. Harry iria ficar sozinho, mas os gêmeos tiveram a ideia de dar o Mapa para ele, então tudo bem.
– Psiu.. Harry! - Nós três estávamos atrás da estátua da bruxa corcunda de um olho só, esperando por ele.
– Que é que vocês estão fazendo? - Perguntou Harry, curioso. - Vocês não vão a Hogsmeade?
– Antes de ir viemos fazer uma festinha para animar você - disse Fred, com uma piscadela misteriosa. - Venha até aqui… - Fomos para uma sala vazia, Jorge fechou a porta sem fazer barulho e se virou, sorrindo. Esses gêmeos são os melhores.
– Presente de Natal antecipado para você, Harry - anunciou. Fred tirou o Mapa da capa. Pelas barbas de Merlin, agora que eu notei que Harry está apenas recuperando uma relíquia da família, da nossa família. Harry ficou lá, apenas olhando para o pedaço de pergaminho.
– E o que é que é isso?
– Isso, Harry, é o segredo do nosso sucesso - disse Jorge, dando uma palmadinha carinhosa no pergaminho.
– Dói na gente dar esse presente para você - disse Fred - mas, decidimos, na noite passada, que você precisa muito mais dele do que nós. E, de qualquer maneira, já o conhecemos de cor. É uma herança que vamos lhe deixar. Para falar a verdade, não precisamos mais dele.
– E para que eu preciso de um pedaço de pergaminho velho? - Não me aguentei e dei uma gargalhada.
– Um pedaço de pergaminho velho! - Exclamou Fred, fechando os olhos numa careta. - Explique a ele Jorge. - Enquanto os gêmeos explicavam as coisas para ele e Harry examinava o Mapa... Me veio uma sensação que tomou conta de mim totalmente. Um ímpeto de abrir o jogo que eu não aguentava mais. Agora, agora era a hora.
– Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas - suspirou Jorge - Devemos tanto a eles. - Dei um sorriso amplo, sim, eu devo muito a eles mesmo. Eles fizeram mais alguns comentários e se prepararam para sair da sala.
– Harry, espere, posso falar com você? - Perguntei lançando um olhar significativo para os gêmeos, que entenderam, já que eu também já tinha contado tudinho para Jorge e ambos sabiam a minha história quase de cor e salteado.
– Claro. - Os gêmeos deixaram a sala, mas não sem antes me darem uma piscadinha cúmplice. - Ahn... Então, o que quer Lia?
– Er... Harry, o que você faria se soubesse que outro Potter tivesse sobrevivido a visita de Voldemort? - Ele me olhou confuso.
– Eu não sei, ficaria feliz acho, não estaria mais tão sozinho.
– Ah, posso te contar uma história? - Ele mandou um olhar como se eu fosse louca, mas assentiu. - Sabe, ela começa igual a sua, um casal em uma casa de uma comunidade bruxa, porém eles não tinham apenas um filho e sim dois, um menino e uma menina, um casal de gêmeos. A família foi atacada por Lord Voldemort. Ele...
– Como você sobreviveu? - Eu o olhei, minha vez de ficar confusa - Bom, eu deduzi que a história é a sua, não é? - Assenti e hesitei antes de continuar, o gás inicial perdendo a força.
– É. Eu... eu sobrevivi porque estava na casa do meu padrinho, meus pais queriam uma noite de casal e por isso meu padrinho falou que ficaria comigo. Só sobrevivi por isso... Meu irmão... A família... - Eu senti um bolo na garganta, não entendia porque era tão emocionante para mim contar essa história, já que eu não realmente me sentia ligada aos Potter ainda, mas todas as vezes que eu repetia a história era como se eu sentisse esse laço desconhecido para mim.
– Tudo bem Lia, eu entendi. - Ele soou pesaroso.
– Entendeu?
– Sim! Voldemort era horrível, a culpa não é sua.
– Não! Quer dizer, sim! Não, está errado. Harry! Eu... Harry, o meu sobrenome é... Harry, meu irmão sobreviveu!
– Mesmo? Onde ele está? Quem é ele? - Harry parecia eufórico.
– Ele está aqui no castelo. Ele é...
– Sim? - Me encorajou.
– Ele é você, Harry. Meu nome real é Thalia Potter! - Pronto! Agora não há como voltar atrás.
– O QUE?? Não pode ser... Thalia, isso não tem GRAÇA!! - Ele gritou.
– Claro que é possível Harry! Você tinha apenas um ano, não tem como lembrar! Nem eu, mas meu padrinho se lembra, ele me contou tudo! Se você não acredita, olhe no Mapa! Vamos, olhe e veja qual o meu nome!
– Thalia Evans! NÃO TEM GRAÇA! PARE COM ISSO! MINHA FAMÍLIA MORREU!
– HARRY POTTER! PENSE, SEU QUATRO OLHOS TEIMOSO! QUAL ERA O SOBRENOME DE SOLTEIRA DE SUA MÃE? HEIN? OLHE ESSE MALDITO MAPA! - Ele se assustou quando eu gritei. Ficou um tempo pensando e quando reagiu, pegou o Mapa e desfez o feitiço. Ele não se mexeu por alguns momentos, então levantou os olhos e abriu a boca, num O quase perfeito.
– Como... Como isso é possível? - Suspirei.
– Era o que eu estava tentando te dizer, Harry. Eu não estava na casa quando aconteceu e Voldemort não sabe sobre a minha existência. Para ele, existe apenas um Potter, um menino, filho de James e Lily... - Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Harry me abraçou forte, como se eu fosse uma boia salva-vidas. - Eu sei, eu sei - Dei uns tapinhas nas costas dele, mas não deixei ele ter tempo de se emocionar mais - Agora está na hora de você ir para Hogsmeade... Vá, se divirta e tente processar essas informações... Pode falar para Ron e Mione também se você quiser... Mas tenha cuidado, ok? - Ele assentiu - E Harry... Eu estarei aqui sempre que precisar, okay? Sempre!
Ele sorriu. Parece tão estranho o Harry saber, só quero ver como ele vai lidar com isso e com o que vai descobrir lá no Três Vassouras. Harry virou e, antes de chegar a porta, deu meia volta e me deu mais um abraço. Bem… As coisas foram melhores do que eu imaginava.
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