Palavras: 1005
No dia seguinte, por algum motivo, eu acordei super animada. Depois da reflexão profunda da noite anterior, meu cérebro parecia ter desistido de queimar neurônios para resolver o problema impossível, não que eu esteja reclamando, eu realmente estava me sentindo mais leve. O dia estava bonito o suficiente para Londres e eu parecia ter bastante energia. Por isso, que mal acabamos de tomar café, eu já me levantava.
– Hoje vamos comprar a minha coruja, né?!
– Bom dia para a senhorita também. - Lupin respondeu, sorrindo. Esperei ele terminar ouvindo Tom, todo sorridente, nos contando que o Ministro estava por lá, o que obviamente preocupou meu padrinho e eu. Aquele ministro só traz problemas nessa parte da história, principalmente, se ele estava por lá, quer dizer que logo outro alguém chegaria.
– Vamos terminar de comprar as suas coisas, Lia. - Remo se levantou abruptamente depois que deu a última garfada nos seus ovos.
– Eba! Vou ganhar uma coruja! - Fiz graça para aliviar a tensão, deu certo já que ele deu um sorrisinho de lado. Fomos para os fundos e ele bateu no 3° tijolo. Eu sempre vou me maravilhar com o espetáculo que é a abertura do Beco. De verdade. Não consigo dizer que depois de dois anos vivendo no mundo mágico muitas coisas me deixam fascinadas por muito tempo, mas a parede de tijolos se remodelando e abrindo para a rua bruxa com certeza é uma visão fantástica.
Matamos um pouco de tempo dando uma explorada pelo Beco, já que Remo preferia que eu soubesse me achar se um dia acabasse perdida por ali. Ele me contou mais histórias sobre o tempo dos Marotos e situações que ocorreram no próprio Beco Diagonal. Também me contou sobre a grande conta no Banco de Gringotts que meus pais deixaram para mim e para Harry, mas que por enquanto só Harry usava, já que só ele tinha a chave.
Mais uma coisa que ele terá que aprender a dividir! Não dá para eu viver às custas de Lupin para sempre, não é mesmo? Assim que Harry descobrir sobre mim, se descobrir, ele terá que adaptar várias coisas em sua vida… Se ele me quiser nela, óbvio...
Conversa vai, conversa vem, nós chegamos à loja de animais. A minha própria coruja era uma promessa que eu não deixaria que Lupin quebrasse. O único presente caro que eu já pedi na vida para ele era muito importante para mim. Meu sonho de potterhead, construir um vínculo tão forte e real com a minha coruja quanto o criado entre Harry e Edwiges.
– Sejam bem-vindos! - Uma mulher atrás do balcão nos cumprimentou. Parecia simpática, mas cansada. Retribui o cumprimento com um sorriso.
– Olá! - A saudamos. E Lupin continuou: - Nós estamos procurando uma... AI!! - Algo laranja o interrompeu, pulando em sua cabeça. Depois que eu me recuperei do susto, comecei a rir. Não aguentei, ainda mais por conhecer a criatura que “atacou” meu padrinho.
– BICHENTO! NÃO! - Gritou a mulher. Ainda rindo, tirei o gato do rosto de Remo, fazendo carinho discretamente nele, e o devolvi à vendedora. Os olhos do bichano pareceram me avaliar por um instante antes dele perder o interesse e correr para longe de nós. Continuei a frase de Lupin:
– Procuramos uma coruja. - A mulher parecia ainda mais cansada ao observar o gato se afastar preguiçosamente. Ela deu um suspiro de alívio quando ouviu a palavra “coruja” saindo da minha boca.
– Ah! Temos várias espécies e tamanhos, qual...
– Quero uma Suindara-de-Madagascar. - Nem a deixei terminar. Eu havia pesquisado por muito tempo qual coruja iria ser perfeita para conviver com os meus hábitos. Não que eu fosse uma pessoa difícil, mas não gostaria de ter um animal que não pudesse se adaptar a mim e vice-e-versa, isso seria cruel com as duas partes.
– Um pedido bem específico, não é?! Vamos ver... - Ela deu uma rápida olhada entre as corujas que existiam pela loja. Eu já havia achado a que eu pedi, mas não queria parecer desesperada. A coruja em questão olhou para mim e deu um pio, o que chamou a atenção da vendedora também. - Aqui está! São 15 galeões.
A mulher deu o braço para a coruja, que se pendurou nele, e a trouxe para perto de mim. Com um certo receio, eu estendi a mão para acariciar a penugem bronzeada, mas logo perdi qualquer hesitação já que Sid, como eu a chamei, voou para o meu ombro. Rindo da minha cara de abobada, Lupin pagou a mulher e pegou tudo que era necessário para cuidar de uma coruja.
Voltamos para o Caldeirão Furado e fomos jantar, depois de deixar Sid e os materiais no quarto. O bar estava silencioso salvo Tom indo de lá para cá para satisfazer pedidos aleatórios do ministro. Não sei se notaram, mas eu não gosto muito de Fudge. Não é nada muito pessoal, só acho que ele é incrivelmente condescendente e isso me irrita um pouco… Mas enfim, terminamos a janta e nos recolhemos.
Enquanto Lupin tomava banho e se preparava para dormir, eu brincava com Sid. Literalmente. Me apresentei a ela, a acariciei, a chamei do outro lado do quarto só para ver ela voar, em minha defesa, parecia que ela também estava se divertindo, já que fez alguns barulhos de felicidade, segundo a dona da loja, só parei quando Remo voltou para o quarto e me mandou ficar quieta se não iriam reclamar da gente. Dei uma risada baixa e o obedeci.
Quando finalmente deitei, depois de colocar Sid de volta na gaiola e ter certeza de que tudo estava onde deveria estar, lembrei que pelo fato de Lupin estar indo para Hogwarts deveríamos estar na história do Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban. Eu tenho que parar de ficar emocional toda noite aqui no Caldeirão Furado… Talvez seja porque é somente a noite que eu paro, ou porque é quando eu fico realmente sozinha… De qualquer forma, eu com toda certeza não sabia lidar com o que estava para acontecer.
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