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O Dementador

Foto do escritor: Black MayBlack May

Palavras: 1213


Finalmente! Finalmente tinha chegado o dia em que eu iria para Hogwarts! Meu padrinho me acordou bem cedo para não corrermos o risco de encontrarmos o Harry (e os Weasley) no café da manhã. Comemos em um silêncio em que se podia praticamente ver a ansiedade de ambos. Afinal, Lupin também estava indo para o seu primeiro dia como professor de Hogwarts. Tendo a condição que ele tem, eu só podia imaginar como ele estava nervoso. Voltamos para o quarto para terminar as malas.


– Está na hora, pronta? - Sorri, era óbvio que estava! No começo, eu tinha me oposto, porém agora que estava realmente acontecendo, não podia deixar de ficar animada. - E você? - Remo assentiu, apesar de tremer um pouco. Eu peguei sua mão e apertei, tentando reconfortá-lo um pouco. Ele estava voltando para a casa que tanto amava, eu queria que ele se sentisse um pouco melhor do que ele estava se sentindo.


– Vamos então. - Chegamos bem antes do trem partir, me despedi de Remo, já que ele tinha que ter um encontro que eu não participaria ainda. Ele não gostou, mas expliquei que queria conhecer as pessoas, sem a presença de um professor. Essa meia verdade pareceu acalmar um pouco o lobisomem. Fui para uma cabine vazia, guardei minha mala e me acomodei o suficiente para quase pegar no sono.


Estava quase realmente cochilando quando os Weasley e Harry chegaram, eles se despediram na estação e entraram no trem. Meus olhos começaram a querer fechar de novo e minha mente começou a viajar, foi para tão longe que quase não ouvi o barulho, minutos depois da chegada do meu irmão, da porta da cabine se abrindo e revelando dois rostos sorridentes idênticos:


– Olá, Thalia! - Era ele, Fred que vinha a frente. Me arrumei no banco, esticando as costas e dando um sorriso amarelo. Eles foram rapidamente se acomodando ao meu redor, o que me surpreendeu um pouco. Por sorte, a noite de sono anterior tinha colocado o meu lado racional para funcionar, e também eu não poderia me envergonhar muito estando sentada.


– Olá, Fred, Jorge. - Opa! O nome de Jorge escorregou sem querer da minha boca. Vi os meninos se entreolharem e levantarem a sobrancelha para mim. Realmente… Idênticos.


– Como sabe o meu nome? - Jorge perguntou, meio hesitante.


– Ah!... Eu chutei? - Olhei para eles e vi que de fato ambos tinham as iniciais marcadas na roupa. Apontei para o J em sua blusa.


– Muito esperta. - Ele parecia francamente admirado com a minha suposta habilidade de chute. Não tive coração para corrigi-lo.


– Nunca tinha te visto aqui no trem. Achei que não estudava em Hogwarts. - Fred se colocou de volta na conversa e eu não poderia estar mais aliviada. Não me contive e acabei rindo quando vi a carinha de perdido que Fred fazia para mim e Jorge revirando os olhos.


– Sou uma aluna transferida. Dumbledore permitiu que eu me transferisse no terceiro ano para Hogwarts, por isso que nunca me viu. - Dei um sorriso. Estava realmente mais confortável agora. Eles também, pelo jeito, já que Jorge já ocupava um banco completamente e Fred estava sentado do meu lado com as pernas esticadas para o outro banco.


– Ah! Então é por isso, já sabe em que casa quer ficar? - Jorge perguntou, curioso. Eles se ajeitaram melhor no assento e me olharam com expectativa. Dei de ombros e expliquei que a casa que eu mais conhecia era Grifinória, então não seria de todo ruim ir para ela. Os meninos riram e começaram a fazer outras perguntas. A maior parte era sobre família, de onde eu tinha vindo, como era a outra escola, coisas fáceis para alunos normais responderem, mas tive que tomar cuidado com algumas coisas.


Foquei mais em contar a minha vida com meus pais adotivos, apenas pincelei que agora morava com meu padrinho. Insinuei que ele continuava na França, mas não tinha certeza se como Remo conduziria essa história, então só insinuei mesmo. Era muito confortável falar com os gêmeos, eles reagiam a tudo que eu respondia e me contavam tudo que eu perguntava com detalhes. Rimos muito com as histórias deles sobre a família e sobre os anos deles em Hogwarts e, durante a viagem, Lino Jordan também se juntou a nós na cabine.


Estava tão divertido que não notamos quando caiu a noite. Tomamos um susto enorme quando sentimos o trem freiando de repente. Meu coração começou a gelar, só agora minha mente se lembrou do que acontecia naquela viagem de trem. Eu havia estudado sobre eles com Lupin já, mas ainda morria de medo deles, não conseguia me acalmar o bastante para criar um patrono, só a imagem de um Dementador real já era suficiente para que eu suasse frio.


Vimos formas se movendo pela janela em direção ao trem e então começou a ficar frio, muito frio. Nossa respiração se tornou visível e os meninos também começaram a tremer levemente. Uma fina camada de gelo começou a cobrir os vidros da cabine. Olhei em volta e os três perceberam que eu estava bem assustada. Ainda sem entender a situação, Fred colocou a mão no meu braço e esfregou, tentando me dar segurança e os outros colocaram as cabeças para fora da porta, para ver se enxergavam algo.


Por um momento as luzes piscaram e depois apagaram, assim que tudo ficou um breu, uns garotos entraram com tudo na cabine, empurrando Jorge e Lino e tremendo de medo. Um deles vi que era Draco Malfoy, então deduzi que os outros dois eram Crabbe e Goyle. Não que eu pudesse julgar muito, mas eu definitivamente estava me controlando melhor que aqueles três.


Os dementadores passaram, aparentemente pelo trem inteiro, e não chegaram a abrir a minha porta, o que eu confesso que fiquei mais do que aliviada. Pensei em Harry e nos amigos e fiquei aliviada que Lupin estava com eles. Se tem uma coisa que ninguém pode falar mal sobre Lupin é sua competência como bruxo. Mesmo assim, somente quando o trem voltou a andar que eu voltei a respirar normalmente.


Nenhum de se atreveu a dizer uma palavra sequer por alguns minutos. Quando o trio de sonserinos saiu da cabine, também em silêncio, eu percebi que ainda segurava a mão que Fred tinha colocado no meu braço. Soltei com um pequeno pulo para me afastar um pouco dele. O ruivo olhou para mim, preocupado, me avaliando, e então sorriu e se voltou para o irmão e para o amigo.


– Obrigada. - Murmurei apenas para que ele escutasse. Fred assentiu e começou a conversar e a fazer barulho para melhorar o clima dentro da cabine. Logo, todos nós já estávamos recuperados. Chegamos a Hogwarts sem nenhum outro imprevisto. Nos separamos, já que fui com os primeiro-anistas, e fui selecionada para a Grifinória. O chapéu seletor é tão dedo-duro que, assim que tocou minha cabeça, falou bem alto, para todo o salão:


– Ah! Não esperava que houvesse outro de vocês! Já selecionei seu irmão! Parece que você também se encaixa na mesma casa, sim… GRIFINÓRIA! - Todos ficaram curiosos, mas, além de usar o sobrenome de solteira de minha mãe, fiz questão de não responder essa pergunta a ninguém e nem retribuir os olhares indagadores dos gêmeos Weasley.

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