Palavras: 1105
Notas: A parte sublinhada são falas em francês.
Depois da entrada levemente exagerada das escolas estrangeiras, todos se acomodaram nas mesas e eu tive que, um pouco a contragosto, me separar dos franceses e retornar à mesa da Grifinória. Me sentei ao lado de Ron, que parecia muito preocupado com a presença de Krum para perceber a minha pessoa.
Quando Madame Maxime entrou, seus alunos se levantaram e voltaram a se sentar apenas quando a diretora já havia o feito, ouvi risadinhas de deboche do meu lado e me virei para Dino Thomas.
– Qual a necessidade de fazer isso? - Ele deu mais uma risadinha.
– Isso é uma forma de demonstrar respeito, uma coisa que você claramente é criança demais para entender. - Eu o respondi com a boca cerrada. Voltei os olhos para Dumbledore, que dava as boas-vindas aos estrangeiros. Aproveitei esse momento para examinar a mesa da Sonserina, que estava parcialmente ocupada pelos búlgaros de Durmstrang.
Ninguém ali parecia muito interessante, todos muito grandes e aparentemente fortes, Krum não era exceção, apesar de parecer mais sociável que muitos ali. Enquanto meus olhos passeavam pela mesa, percebi que estava sendo observada. Corri meus olhos até a fonte da sensação e acabei encontrando um búlgaro, me olhando como se eu fosse uma peça de decoração incrivelmente intrigante.
Ele tinha cabelos negros e ondulados que caiam por seus ombros, uma expressão carrancuda e concentrada, suas pálpebras eram pesadas e sua pele parecia quase que translúcida. Seus olhos escuros me fitavam com uma intensidade leal e sua cabeça parecia tombar em confusão.
Quando percebeu que eu devolvia seu olhar, ele levantou os cantos da boca, como uma tentativa falha de um sorriso eu deduzi. Sorri de volta, ainda me perguntando o porquê da intensidade de seu olhar. O jantar foi servido antes que eu pudesse me aprofundar nisso.
Dumbledore explicou sobre o Torneio Tribruxo e apresentou o "juiz imparcial", o Cálice de Fogo. Acho que o cálice mostrado no filme é mais bonito, pois esse era apenas um cálice de madeira, toscamente decorado, porém, as chamas! Essas sim faziam as do filme parecer de brinquedo, eram lindas em seus tons de azul, dançavam como se chamassem todos a encostarem em seu recipiente, devo admitir que eu fiquei levemente fascinada por elas.
Fomos dispensados depois das explicações sobre idade e sobre as tarefas do Torneio, não que eu tenha prestado atenção. Me levantei e segui o trio até a porta, onde eles foram parados pelo diretor de Durmstrang. Eu me apressei e passei antes que me notassem ali, corri para o dormitório, rezando para conseguir passar pela Sala Comunal sem que Fred e Jorge me achassem. Já estava no pé da escada para os quartos quando eu ouvi Jorge.
– Lia! - Ele me gritou, Lino não me deu tempo de reagir e se jogou em cima de mim, me derrubando. No fim, antes que eu pudesse sequer ter respirado, eu estava no chão, embaixo de Lino, que estava com as mãos no meu quadril para impedir uma fuga. - Lino! Não precisa matar ela no processo.
– Assim é mais seguro. - O garoto saiu de cima de mim, mas ainda me segurou pelos pulsos. Ficamos os dois sentados no chão, olhando para cima para poder enxergar Jorge.
– Ainda assim... Bem, cumprimos o objetivo pelo menos. - O ruivo sorriu para mim. - Por que está fugindo de nós?
– Não estou.
– Sei, agora sem mentir, vou repetir a pergunta. Por que está fugindo de nós? - Suspirei.
– Não tem motivo, eu só não estava me sentindo bem. - Jorge se abaixou, enquanto o aperto de Lino se afrouxou, o ruivo e o moreno se aproximaram e acariciaram a minha cabeça.
– Não faça mais isso, nós três ficamos preocupados. - Lino sorriu para mim.
– É, Lia, nós somos amigos, não é justo você fazer isso.
– Desculpe? - Todos nós rimos. Jorge me levantou e nós três fomos nos sentar nas poltronas afastadas da Sala. Minutos depois, Fred chega.
– Conseguiu? - Os meninos perguntam, ansiosos. Fred apenas assente e passa para o irmão um frasco.
– Uma gota para cada um.
– Ah não! Não me digam que é aquela poção de envelhecer!
– Acertou em cheio. - Eles me olharam sorrindo.
– Não vai dar certo! - Jorge franziu a testa.
– Você também quer um pouco?
– Não! Eu não quero participar disso!
– E por que não? - Porque não vai dar certo, mas não repeti em voz alta, já que só deixaria os três irritados logo quando decidiram ignorar o meu ataque de adolescente que foge dos problemas e não divide nada com os amigos.
No dia seguinte, Hogwarts passou o dia em plena euforia, com os alunos mais novos loucos para saberem quem da nossa escola seria corajoso o suficiente para se candidatar. Eu passei o dia evitando a sala onde o Cálice estava, então acabei me encontrando com alguns franceses - e com Fleur, claro - e fiquei conversando com eles até um grupo de Durmstrang passar.
O garoto do jantar, o que me encarava, estava nesse grupo e me lançou mais uma tentativa de sorriso, eu, achando que era porque eu estava com uma descendente de veela, dei uma risadinha e acenei para eles. O grupo voltou para o navio e os franceses se despediram de mim para poderem ir se candidatar. Me dirigi ao Salão Principal, sendo parada no caminho por Ron.
– Você conhece a veela? - O tom dele era quase acusatório.
– Veela? Ah! Você está falando de Fleur? Sim, eu estudei na mesma escola que ela antes de vir para Hogwarts. - Deixei o ruivo boquiaberto sozinho, antes que ele me fizesse mais perguntas.
O dia foi passando assim, devagar e tranquilo, apesar da tensão que ia tomando conta dos estudantes conforme a hora do jantar se aproximava. Na hora do anúncio, eu tinha acabado de me sentar ao lado de Fred, que passou o braço pelo meu ombro, me puxando para mais perto quase que inconscientemente. Dumbledore entrou e começou os anúncios:
– O campeão de Durmstrang será Vítor Krum. - O Salão aplaudiu o resultado já esperado, ainda tensos, esperando que o diretor lesse o próximo papel. - O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!
– Parabéns, Fleur! - Eu gritei, rindo da reação dos outros estudantes de Beauxbatons. O Salão se calou assim que ela sumiu para a câmara lateral.
– O campeão de Hogwarts é Cedrico Diggory! - Após a leitura do último papel, a mesa da Lufa-Lufa explodiu de alegria, eu bati palmas, mas meus olhos e a minha mente ainda estavam no papelzinho que voou assim que Cedrico se reuniu aos outros campeões. - Harry Potter. - E é agora que a confusão começa.
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