Palavras: 1008
– Vamos lá, Thalia! Você irá adorar Hogwarts! - Meu padrinho, Remo Lupin, tentava me convencer. Toda a nossa discussão começou quando eu tinha 11 anos e descobri que era bruxa. Meu padrinho também se apresentou e me deu a opção de deixar meus pais para morar com ele e estudar magia. Agora, dois anos depois, eu e ele moramos na França e estamos discutindo sobre nos mudar.
– Por que temos que nos mudar? Já estudo em Beauxbatons a 2 anos, por que mudar logo agora? - Respondi exasperada. A situação seria cômica se alguém de fora visse, afinal não é todo dia que se vê uma bruxa de 13 anos, com cabelos ruivos e rebeldes e com olhos verdes resignados, encarando quase de igual para igual um bruxo de quase 35 anos com praticamente o dobro da sua altura.
– Porque Dumbledore me ofereceu um emprego lá! Eu não posso deixá-la aqui sozinha - Disse, sabendo o que eu ia sugerir - Vamos, Lia! Você vai poder finalmente conhecer o seu irmão! Tenho certeza que vai adorar Hogwarts! - Parou, cansado de discutir, e eu parei também, mas não por cansaço, e sim porque seu ponto realmente me chamou a atenção…
Depois do meu primeiro ano em Beauxbatons, descobri que eu tinha um irmão gêmeo, alguém muito mais famoso que Alvo Dumbledore, seu nome é Harry Potter. Claro que surtei quando descobri, mas fazia sentido com a história que me contaram quando foram me buscar na casa dos meus pais, que agora sei que são adotivos.
Também entendi que algumas coisas acabaram mudando quando entrei oficialmente para o mundo bruxo. Todos os meus livros da série desapareceram e eu sou incapaz de encontrá-los. Lupin diz que eu tenho que tomar cuidado com o que eu li nesses livros, pois há detalhes que eu não posso esquecer nem comentar.
– Aah! Okay, eu vou parar de discutir e ir com você sem reclamar mais... Mas eu quero uma coruja!
– Fechado! Assim que chegarmos em Londres te compraremos uma coruja. - Meu padrinho pareceu relaxar. Talvez eu devesse mesmo ser um pouco mais compreensiva com ele, afinal era bem complicado para ele arranjar um emprego.
No dia seguinte, enquanto Lupin ia resolver umas coisas sobre a viagem, eu arrumava o restante das malas. Eu tinha recebido a minha carta de Hogwarts naquela manhã e o meu requerimento sobre as visitas à Hogsmeade! Por um anexo, Dumbledore me aconselha manter tudo o que sei em segredo, ainda não me revelando nem para Harry. Assim que Lupin chegou, eu perguntei:
– Nós vamos comprar meu material no Beco Diagonal, né?
– Sim, Lia... Vamos. Mas você não irá andar por aí toda hora, temos que ter discrição, até o dia da partida do Expresso Hogwarts, pelo menos. - Revirei os olhos, ele acha que Sirius Black é um vilão... Não posso desmenti-lo ainda, então nem respondo.
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O tão esperado dia chegou! Lupin só falava de como Hogwarts é linda e de como sente saudade de passar pelos corredores com os Marotos. Como ele sabe que eu meio que conheço a história dos Marotos e a maior parte de seus segredos, Lupin acaba sempre falando livremente comigo, sempre se perde em pensamentos e me conta várias histórias sobre a vida que eu não conheço do casal Potter e de seus amigos.
Aparatamos cedo e assim que desaparatamos na rua londrina do Caldeirão Furado, Lupin me puxa para dentro do aposento. Como era cedo, havia poucos clientes no bar. A maior parte nem reconheceu nossa existência para falar a verdade. Somente Tom, que teve que nos mostrar onde era o nosso quarto. Nem eu nem Remo nos importávamos de dividir o quarto, já que nunca tivemos muita opção… Se é para eu ser sincera, é a única coisa que eu sinto falta da vida trouxa: meu próprio quarto. Mas, enfim, depois de nos instalarmos, fomos às compras.
Não compramos tudo, mas a maioria do meu material. Eu também ainda tinha várias coisas que sobraram dos anos em Beauxbatons, então conseguimos economizar bastante. Após comermos e conferirmos tudo, fomos direto para a cama. Meus pensamentos foram automaticamente para onde sempre vão quando apago as luzes, perguntas como até onde posso ir, o que posso falar, o que será que minha presença aqui vai mudar na história invadem a minha cabeça e ficam lá até eu pegar no sono, o que estava quase acontecendo quando ouço a voz de Remo:
– Lembre-se Lia, de usar o sobrenome de solteira da sua mãe, que é mais comum hoje em dia e não vai atrair muita atenção, não sabemos quem pode estar ouvindo...
Murmurei uma afirmação, cansada e adormecida demais para elaborar. Coisas assim me deixam quase decepcionada por saber o que está por vim e não poder fazer muito para tornar as coisas mais fáceis… Estou acostumada a usar o Evans em Beauxbatons, mas entendo o porquê ele me lembrou disso agora. Com Harry por perto e o meu emocional como é, é muito possível que eu cometa erros se não tomar cuidado e ser constantemente controlada.
Ás vezes, eu recebia cartas de Dumbledore e de Remo na escola, me lembrando e me aconselhando sobre toda a minha situação. Eles tentavam fazer parecer que era apenas para o meu bem, porém eu já tinha lido todos os livros, nada que Dumbledore faz é para o bem individual ou por pura bondade. Eu também tinha uma noção que as coisas poderiam acabar pior que já seriam se eu me metesse ativamente nos acontecimentos…
Mas a história nunca esteve tão perto de mim. Claro, eu morava com Remo Lupin, mas nunca tinha ido para a Inglaterra. A história de Harry Potter nunca tinha sido tão real para mim e, para ser sincera, não me sentia muito bem com isso. Uma menina de 13 anos tendo que guardar segredos que salvariam a vida de alguém sem poder contar para ninguém, além de descobrir que o irmão que não sabe que ela existe estará na mesma escola que ela… Foi com isso que adormeci naquela noite...
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