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O Caldeirão Furado

Foto do escritor: Black MayBlack May

Palavras: 1010


Bom, depois do meu ligeiro colapso, eu e Lupin conversamos novamente. Desta vez, ambos estávamos bem sérios. Eu dividi o que podia sobre o que realmente me preocupava e ele fez o que podia para me acalmar e me confortar. Depois disso, nós dois concordamos em ficar o mais longe de Harry possível, pelo menos por enquanto.


Então, não era de se admirar que as semanas seguintes fossem incrivelmente tediosas. Passamos a fazer nossos passeios durante a tarde e voltávamos quase a noite. Eu deixei de vagar pelo Beco durante o dia e despreocupadamente, também evitávamos o salão do Caldeirão e o ministro. O nosso plano estava funcionando e eu já controlava melhor os meus pequenos ataques de pânico toda vez que eu o via de relance, entretanto…


Um dia, Lupin havia me liberado para comprar uma guloseima no Beco. Como tinha esquecido completamente que Harry passava as tardes na sorveteria, resolvi comprar sorvete para nós. Eu realmente não havia me dado conta da situação até esbarrar em uma mesa do lado de fora da sorveteria. Parece que o barulho havia chamado a atenção de Harry, pois ele levantou a cabeça e encontrou meus olhos com rapidez.


Ele me encarou, estupefato, como se não me visse realmente. Harry pareceu não acreditar na sua visão, porque ele desviou os olhos e sacudiu a cabeça antes de olhar novamente para mim. Porém, quando ele tentou voltar os olhos para a minha pessoa, eu já havia corrido com todas as minhas forças de volta para o Caldeirão Furado.


Lupin me encontrou no quarto, algumas horas depois, sentada na cama, ainda com a adrenalina solta na minha corrente sanguínea. Contei a ele o que aconteceu e foi nítido o esforço que meu padrinho fazia para não cair na gargalhada. Remo tentou se manter sério, mas não deu certo, já que a situação era absurda demais para nós dois, então eu também caí na risada. Ambos sabíamos que devíamos evitar que aquilo se repetisse, porém, por enquanto, podíamos rir.


Na véspera da partida para Hogwarts, acordei com uma barulheira danada no corredor. Lupin também estava acordado, então nos arrumamos para tomar café. Como, aparentemente, a estalagem estava cheia, Remo não viu problema em comermos no salão, mesmo em um horário em que Harry provavelmente estava lá também.


Ainda no topo da escada, tive uma visão que quase me matou: Cabeças ruivas inundavam o salão e ninguém menos que Molly Weasley gritava para que se comportassem e baixassem o volume, o que era bem irônico e cômico. Eu e Remo nos sentamos para comer em um canto que não chamava atenção e observamos a família de bruxos. Nem Remo conseguiu evitar que algumas risadinhas escapassem diante de algumas respostas dos gêmeos que eu amava tanto.


Eu vinha de uma família pequena, mesmo com meus pais adotivos, era apenas eu e eles, agora, sou eu e Lupin só. Então ver toda aquela confusão era incrível. Imaginar aquela cena na enquanto lia os livros era uma coisa, ver na vida real, com meus próprios olhos era outra completamente diferente. Dei uma gargalhada quando pensei, aliviada, que meu cabelo estava escondido pelo meu capuz. Acho que era uma das maiores reuniões de ruivos já feitas e poderia ser confundida com um Weasley àquela altura.


Quando terminei meu café, notei Harry falando com os dois amigos e sair com eles para o Beco Diagonal. Pensei bem antes de me levantar, o que fiz bem devagar. Não faria mal dar uma espiada no que eles fariam, né? Não se eu não fosse pega, cheguei a essa conclusão satisfeita.


– Posso dar uma volta? Quero ver se memorizei os caminhos direitinho.


– Quer que eu vá com você? - Perguntou Remo, neguei - Ok, mas tenha cuidado.


– Claro, claro, ficarei dentro do Beco ainda, não irei para os bairros mais afastados sozinha. - Apesar de ter dito isso com convicção, assim que passei pelo arco do Beco, tropecei feio e trombei com uma pessoa que estava parada do outro lado da parede de tijolos.


– Opa! - Disse o menino em quem esbarrei, me segurando. Não que eu pudesse responder rapidamente para ele. Vários motivos, mas o principal dele era: eu tinha tombado em um dos meus personagens favoritos! Fred Weasley, pessoal, estava me segurando pela cintura para que eu não caísse. O quão surreal é isso?


– Ah Por Merlin! Desculpe! Sou muito desastrada! - Me soltei dele assim que a parte racional do meu cérebro entendeu a situação em que eu estava. Ele riu quando eu quase caí de novo ao tentar ficar em pé sozinha.


– Hey! Calma, está tudo bem comigo, você se machucou? - Corei violentamente e neguei com a cabeça, falhando em notar que ele havia estendido a mão na minha direção. - Sou Fred Weasley. - Ele abaixou a mão, mas sorriu para mim. Okay, sem querer ser chata, mas não se faz isso com uma menina de 13 anos que está começando a puberdade e acabou de encontrar pela primeira vez o maior crush de infância que ela já teve.


– Sou Thalia Evans? - Sim, soou mais como uma pergunta porque naquele momento, eu definitivamente não tinha certeza de nada. Me julguem!


– Bonito nome… - Ele agora parecia estudar o meu rosto com mais preocupação ainda. Fiz um esforço gigante para não encarar seu rosto e dei uma tossidinha para disfarçar a minha vergonha indisfarçável.


– Obrigada… Ér... Preciso ir, foi um prazer, tchau. - Não sei o que estava pensando, mas gosto de dar a desculpa que Remo ficaria bravo comigo se eu me revelasse demais para uma pessoa tão próxima de Harry. Sim, essa desculpa me deixa muito feliz, porque Lupin de fato é bem assustador quando fica bravo de verdade.


– Igualmente! - Ele gritou sorrindo para mim, que já tinha me afastado bastante. Corri para a Floreios e Borrões e me escondi entre os livros até me acalmar e poder voltar para o Caldeirão Furado sem esbarrar em mais ninguém. Naquela noite, mal consegui dormir, estava muito ansiosa para ver Hogwarts e para tudo que estava começando a acontecer.

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