Palavras: 1059
Como eu odeio esperar! Odeio a expectativa do que está para acontecer! Odeio não poder participar da ação também! Depois de um angustiante tempo, Bichento saiu, correndo com suas perninhas curtas, pelo túnel e desapareceu. Fiquei distraída com pensamentos de como cozinhar gatos com rabos de escovinhas e apenas acordei quando ouvi gritos masculinos vindo na minha direção.
Sirius apareceu como homem, trazendo Ron em seus braços, onde o mesmo gritava e esperneava, tentando se soltar. O mais velho jogou o ruivo em uma pilha de tecidos no canto do quarto e piscou discretamente para mim, saiu do cômodo e fechou a porta.
— Lia!? O-O que faz aqui? Aquele era Sirius Black!
— Calma, Ron! Respira! Temos que cuidar da sua perna primeiro, parece grave! - Coloquei, delicadamente, as mãos na perna de Ron, que estava num ângulo muito estranho. - Disse para ele não te machucar! Qual o problema dele? Parece que é surdo! Por Merlin! - Tentei improvisar uma bandagem para estancar o sangue.
— Você o está ajudando? - Ronald gritou - Qual o SEU problema? Tira as mãos de mim! - Ele puxou a perna e fez uma careta de dor.
— Você já vai entender... Espere só até Harry e Mione chegarem aqui...
— Você está entregando Harry para ele?! O nome dela é Hermione! Não tem o direito de chamá-la de Mione, sua traidora! - Ele estava muito alterado e piorou quando Sirius voltou para o quarto e encostou atrás da porta, esperando os outros dois. Logo Harry escancarou a porta com um chute.
— Rony... Você está bem? - Eles correram para o amigo, nem me perceberam.
— Onde está o cão?
— Não é um cão - Parece que a perna do ruivo tinha piorado - Harry, é uma armadilha...
— Quê...
— Ele é o cão... Ele é um animago...— Depois de Ron gemer isso, Harry se virou, a tempo de ver Black fechando a porta e lançando um "Expelliarmus" neles. Recolheu as varinhas e foi se aproximando. Nenhum dos recém-chegados tinha me percebido ainda.
— Achei que você viria ajudar seu amigo. Seu pai teria feito o mesmo por mim. Foi muita coragem não correr à procura de um professor. Fico agradecido... vai tornar as coisas muito mais fáceis… - Harry ficou vermelho e começou a avançar, dava para ver que o que ele queria era poder matar Sirius ali e naquela hora. Fiz um gesto em direção a Harry, que apenas Ron viu. Os dois amigos seguraram meu irmão.
— Se você quiser matar Harry, terá que nos matar também! - Ronald fazia um esforço enorme para ficar em pé ao lado do meu irmão.
— Deite-se - Sirius disse, mais brando, para ele. Seu olhar faiscou para mim e tornou ao ruivo. - Você vai piorar a fratura nessa perna.
— Você me ouviu? - Disse Ron, que também lançou um olhar discreto na minha direção - Você vai ter que matar os três!
— Só vai haver uma morte aqui hoje à noite. - Claro, Black! Faça-os confiar em você dando um lindo, amarelo e louco sorriso mesmo!
— Por quê? - Perguntou Harry, tentando se soltar dos amigos. - Você não se importou com isso da última vez, não foi mesmo? Não se importou de matar aqueles trouxas todos para atingir Pettigrew... Que foi que houve, amoleceu em Azkaban? - Não pude me conter e soltei um risinho meio tossido. Hermione finalmente me viu e pareceu horrorizada.
— Harry! - Ela tentou chamar sua atenção - Fica quieto! - Ele não parava de se mexer.
— ELE MATOU MINHA MÃE E MEU PAI! - Harry soltou e deixou todos surpresos, se desvencilhou dos amigos e avançou para Black. Vamos ver se eu consigo descrever a cena... Imagine um esqueleto, sim, um esqueleto, pode ser aqueles de desenho mesmo, branquinhos. Agora imagine uma pessoa tentando bater nesse esqueleto e o esqueleto fica se contorcendo sem conseguir se soltar da pessoa e fica soltando raios brancos de três varinhas diferentes. Essa foi a cena que eu vi.
— Não - Sirius sibilou - Esperei tempo demais... - E aí, ele fez a coisa mais comum para quando se é inocente: tentou estrangular Harry. Claro! Quem nunca, né? Hermione resolveu o problema, dando um pontapé em Sirius. Resolvi me meter agora, mas antes que eu conseguisse dar um passo Harry já apontava sua varinha para Sirius e o mesmo perguntava:
— Vai me matar, Harry? - Harry foi para perto dele novamente.
— Você matou meus pais. - E falou mais algumas coisas que eu não prestei atenção.
— Sirius. Chega de provocações. - Me aproximei da dupla.
— Lia?! - Harry parecia surpreso... Muito surpreso.
— Oi, Harry. Provavelmente você vai me perguntar: "o que faz aqui?" e eu tenho uma boa resposta. Mas, para eu conseguir dá-la, você tem que estar disposto a ouvir. - Examinei seu rosto.
— Fale - Seu tom era frio.
— É, então... Para minha resposta fazer sentido, você tem que ouvir Black primeiro...
— O que!? Thalia! Esse homem matou NOSSOS PAIS! - Pelo canto de olho, vi Ron e Mione se entreolharem, confusos. - Esquece! - Harry se virou novamente para o mais velho e, antes que ele fizesse algo, Bichento pulou para proteger o coração de Sírius. De repente, ouviu-se um ruído surdo. Passos abafados soaram pela casa.
— ESTAMOS AQUI EM CIMA! - O grito de Mione quase me deixou surda - ESTAMOS AQUI EM CIMA... SIRIUS BLACK... DEPRESSA! - E então, Lupin chegou. Hermione, apavorada pela reação de Remo ao chegar, revela a todos que meu padrinho é um lobisomem. Ron, que estava me observando, pergunta:
— Você sabia, né? - Não me segurei e dei um sorriso "like a James" e assenti. O gemido que sucedeu foi muito engraçado e me fez sentir um pouco melhor por ter ajudado a colocá-lo nessa situação. E voltamos a conversa principal, onde Remo, que é sempre como a Lua numa noite escura, desculpe, comparação ruim... Como o Sol num dia nublado, é melhorou, conseguiu fazer com que Ron mostrasse seu rato.
— Quê? - Ron parecia ridiculamente apavorado - Que é que meu rato tem a ver com qualquer coisa?
— Isso não é um rato. - Sirius falou, me fazendo bater a palma da mão na testa. Bela explicação, Black.
— Que é que você está dizendo... é claro que é um rato...
— Não, não é - confirmou Lupin, calmamente - É um bruxo.
— Ou melhor, um animago - Eu completei - que atende pelo nome de Pedro Pettigrew.
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