Palavras: 1058
Notas: A parte sublinhada é o sonho.
Me chamem de louca, mas eu NUNCA irei entrar naquela sala de aula. Não enquanto o tal "Moody" estava dando a aula. Todos os alunos do quarto ano pareciam super ansiosos para a aula de D.C.A.T., menos eu...
Segundo Dumbledore, eu não posso interferir no que acontece na história, isso não me impedia de ir matar aula com os gêmeos, já que eu me recusava a assistir aquele show que ele chama de aula. Felizmente, minha transgressão às regras da Escola não foi descoberta.
Meu plano inicial era ir atrás de Cedrico para o convencer de não se inscrever, mas achei um Weasley no caminho. Jorge chegou bem no momento em que alguns alunos da Lufa-Lufa reclamavam que eu estava querendo desestimular o Campeão deles.
Vendo isso, ele me levou para o lago e ficamos rindo da Lula Gigante que se mostrava para uns primeiros anistas, porém, de repente ele colocou a mão na minha cabeça e me encarou por alguns segundos.
– Por que você faz isso? - Eu o olhei, confusa.
– O que?
– Isso! - Ele gesticulou para um grupinho de Lufanos que se afastavam. - Esse negócio de, de repente, decidir que uma pessoa aleatória não pode fazer alguma coisa também aleatória. Você só se machuca fazendo isso e não explicando nada para ninguém. - O tom do ruivo era, de certa forma, triste.
– Eu... Eu prefiro me machucar agora com acusações falsas deles do que me machucar depois com o que vai acontecer se ele participar do Torneio. - Evitei olhar em seus olhos.
– E o que vai acontecer se ele participar? - Ele segurou o meu queixo e me forçou a olhar para seu rosto, que estava na altura do meu.
– Ele...
– LIA! JORGE! - O querido gêmeo do Weasley que estava comigo veio correndo e gritando os nossos nomes, em seu rosto havia um sorriso lindo. - Vocês não vão acreditar no que eu achei!
– O que? - Eu me soltei e dediquei mais atenção do que era realmente necessário no ruivo sorridente e arfante. Ouvi um suspiro de Jorge, Fred nos olhou desconfiado antes de continuar.
– Eu achei uma fórmula em um livro de uma poção de envelhecimento, podemos usar para burlar a regra da idade no Torneio.
– Não vai dar certo. - Balancei a cabeça sem nem mesmo lançar um olhar para a folha que ele trazia. Sua expressão para mim foi tão parecida com a de um cachorrinho chutado, que eu tentei distraí-lo: - Não seria melhor vocês se concentrarem em Bagman antes de pensar nisso? - Minhas palavras tiveram o efeito desejado. Jorge e Fred logo fecharam a cara em caretas idênticas.
– Tem razão. - Fred passou o braço pelos meus ombros - Vamos para a Sala Comunal, lá nós podemos escrever algo para ele. - Como todos concordamos, seguimos para o Castelo. Nos acomodamos em um canto isolado da Sala assim que passamos pelo quadro. Eu ajudei os meninos na carta para o trabalhador trapaceiro do Ministério.
Vi o local encher e depois começar a esvaziar a medida que a noite ia caindo. Já era madrugada quando eu me despedi dos gêmeos, e de Harry que também estava lá ainda, e fui para a cama. Estava quase pronta para pular na cama, quando um barulhinho na janela me chamou a atenção. Lá se encontrava Sid, com uma carta.
– Mas eu não lembro de tê-la mandado com uma carta. - Eu murmurei para a coruja, a trazendo para dentro e pegando o papel preso em sua perna. - O quê?! - Sid se esfregou carinhosamente em mim antes de sair voando de volta para o corujal. Eu não acreditei na mensagem... Apenas cinco palavras... Mas AS cinco palavras:
" Eu sei quem você é."
Sem remetente, apenas destinatário. Eu não podia me mexer. Quem... quem poderia saber disso? Minha mão tremia enquanto eu olhava em volta. Todas dormiam, me virei e coloquei o bilhete o mais silenciosamente que pude em meu malão. O desespero tomou conta de mim. Uma informação dessa podia se tornar perigosa em mãos erradas... Meus pensamentos me seguiram para os sonhos, lugar que eu fui sem perceber...
– Corra, Lia! - Gritavam para mim. - Saia daqui! - A voz foi se tornando mais familiar, mas eu não conseguia identificar quem era. - Você é surda? Corra! - Uma explosão cortou o pouco de silêncio que havia, minha visão estava embaçada, meus pensamentos estavam embaralhados.
– Mate o outro. - Uma voz reptiliana sibilou em meu ouvido, um jato verde brilhou e gritos soaram sob mais explosões.
– Severo, por favor. - O ar passava por mim em uma velocidade incrível, nada tinha forma, uma caveira apareceu perante mim, eu vi o chão se aproximando. Uma parede foi derrubada por um gigante.
– NÃO! - Um braço me segurava enquanto um grito saia pela minha garganta, uma sombra passava por um véu, eu ainda não via nada além de sombras e formas que se formavam e reformavam.
Uma pequena lâmina se alojou em meu corpo, a dor excruciante me fez gritar em desespero, mais braços me seguraram e palavras saíram de minha boca, palavras fracas e pontuadas por ondas que batiam na areia. Um sorriso apareceu em meu rosto. Um sorriso tranquilo, que logo sumiu. Substituído por mais explosões, agora eu via a cena, era uma das que mais me assombravam.
Me desesperei, corri para ele, tentando evitar o desastre que ocorreria. Gritei seu nome com todas as forças, minhas pernas pareciam não funcionar, o que me desesperou mais ainda. Ele finalmente se virou para mim, seu sorriso era o único que eu queria ver para sempre, porém ele não durou muito, pois uma luz verde acertou suas costas e seu corpo inanimado tombou em meus braços, que tinham acabado de alcançá-lo.
Levantei em um único pulo, eu chorava e ainda me lembrava da fria temperatura do corpo ao tocá-lo. Meus soluços eram audíveis, não contive um impulso e sai da cama, passando pela porta do dormitório e dando de cara com aqueles com quem sonhei.
Agarrei seus pescoços e os abracei como se a minha vida dependesse disso. Provavelmente dependia. Solucei mais alto a medida em que o choque deles ia passando e eles iam passando a mão em minhas costas para me acalmar.
– Shhh, está tudo bem, Lia, está tudo bem... - Jorge sussurrava.
– Estamos aqui, Lia, não há o que temer. - Fred sussurrava.
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